O Cardeal Ranzinga

Grupo "Os Patos do Lago".

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sexta-feira, abril 21, 2006

Francisco Adam e o Pato Si

Caríssimos Irmãos adolescentes,
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Uma das funções do clero superior é a de informar os vossos ainda pouco estruturados espíritos sobre a nudez e a crueza da realidade. A pedido do Patinho Si, que está cansado dos imensos bombardeamentos de pão seco e duro por parte de bandos de pré-adolescentes descontentes de que tem sido alvo desde a publicação do post que ficou conhecido como “Chico Adams”, publico a presente carta.
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Acusam-no de ser insensível e brincar com coisas sérias. Perdoem-me caríssimos, mas creio que o Patinho Si, que realmente é um pouco azedo, desta feita está a ser injustamente acusado. Vejamos, então, os factos “à volta” do falecimento, em acidente rodoviário, do Francisco Adam. E reparai que não vou tratar-vos com paternalismos, vou ser directo. Caso não estejais preparados, desligai.
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Há que entender que o moço tinha uma vertente tridimensional: Era a personagem; era o “actor”; e era a pessoa.
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Deixem-se de falsos moralismos, ó adolescentes: Não é a morte da pessoa ou do actor que lamentais, mas a do “Dino”.
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Ignoraram tudo o resto. Ora reparai no que sucedeu no dia seguinte:



Faleceram na Bélgica 3 jovens portugueses, com idades entre os 19 e os 22 anos, num acidente de viação. Um com a idade d “Dino”, os outros dois mais jovens ainda. Algum de vós lamentou essas mortes ? Houve mensagens SMS para alguém a “solidarizar-se” com a família ? A dor foi a triplicar ? Não, pois não ?
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Porque não é a morte da pessoa ou do actor que lamentais, adolescentes, mas a do “Dino”.
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Como pessoa não o conhecíeis, apenas o que a máquina de propaganda da TV, e já lá vamos, vos fazia passar. Não vou agora estar a dizer mal do moço, mas nada sabeis ou sabíeis ou muito menos agora vireis a saber sobre como ele era como pessoa. Podia ser bom rapaz, ou não, como tantos outros que vão morrendo todos os dias por esse mundo.
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Como actor, não tinha carreira, era um quase estreante numa série sem qualquer dimensão ou ambição artística, apenas comercial. Não tinha currículo, não se destacou profissionalmente de ninguém, nunca foi apontado ou reconhecido pela crítica da especialidade. Nunca desempenhou papel que necessitasse de especiais conhecimentos técnicos ou artísticos …
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Como personagem (“Dino”) era uma imagem que se vos colava, pelos vistos com agrado, e era a sua única faceta por vós conhecida e vos era passada.
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Não é a morte da pessoa ou do actor que lamentais, adolescentes, mas a do “Dino”.
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Quanto à imprensa:
Quem é, desde o acidente, o Francisco Adams ? Cadáver, mas de quem ? Tranformou-se de imediato em objecto de exploração comercial intensiva, não como pessoa, não como actor mas como … personagem. Para um público - alvo: Vós.
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Não é a morte da pessoa ou do actor que eles, jornais, revistas e televisões, fingem que choram com edições especiais (estes não choram, como vós, valha-vos isso), mas sim a da personagem. Esta é que vende.
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De quem era o "velório" transmitido em directo pela TVI ?
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Nem dos 3 jovens de que falei, nem da pessoa nem do actor. Da personagem.
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Sobre quem eram as intermináveis notícias do Jornal da Noite da TVI ?
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Nem sobre os 3 jovens de que falei, nem sobre a pessoa nem sobre o actor. Sobre a personagem.
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De quem foi o funeral transmitido em directo pela TVI ?
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Nem dos 3 jovens de que falei, nem da pessoa nem do actor. Da personagem.
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A TVI transmitiu o funeral daqueles três jovens, entre os 19 e 22 anos, dois deles mais jovens do que o Dino ? Não. Porquê ? Porque não eram pessoas ? Porque não tinham passado ? Não. Porque não eram personagens, logo não vendem.
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Estais à espera agora que venham as televisões ou as revistas dizer-vos quem era a pessoa ou o homem ? Tirai daí a cabeça, jovens, apenas vos darão o que querem, e o que querem é … dar-vos a personagem e que a continueis a chorar.
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Para quê ?
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Money, Money, Money. E vós colaborais. Mas a culpa não é vossa. É dos vossos paizinhos e tiozinhos que, temendo desiludir-vos, temendo eles próprios deixar de ser aos vossos olhos umas personagens "fixes", adoptam uma postura covarde fingindo compreender-vos e não vos explicando isto. É mais cómodo passar por ser tolerante e compreensivo com uma ilusão do que desfazê-la. Eles nem sabiam – confesso que eu também não – quem era o Dino, quanto mais o Francisco !!!
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Então o Patinho Si não tem razão para se rir ? Também ele é uma personagem. Do animal ou do seu passado enquanto escritor nada conheceis nem há a conhecer. E se ele, como deseja o bombas, for atropelado ao pé de Arca d’Água ? Chorais ? Fazeis uma festa ?
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Levantai a cabeça, ó adolescentes. Não Aconteceu nada.
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Per Dominus post-it UUU

6 Comments:

Blogger Luzinha said...

Cardeal...

Sem palavras...

abril 22, 2006  
Anonymous Anónimo said...

demasiado sério...

abril 29, 2006  
Anonymous Anónimo said...

novidades do santuário? não há?

abril 29, 2006  
Anonymous Anónimo said...

parece que o relatório da autópsia do promissor actor indica o consumo de "substâncias ilícitas". o moço ia ao volante, não? em consequência do mesmo acidente, morreu outro potencial ídolo, não?

maio 07, 2006  
Blogger Dr.Lux0 said...

É verdade...

maio 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

também só tinha snifado umas duas ou três linhas. falsos moralistas.

junho 20, 2006  

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