O Cardeal Ranzinga

Grupo "Os Patos do Lago".

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quarta-feira, outubro 04, 2006

PANDEM(ED)IAS

Chegado o Outono, voltam os jornais, televisões e rádios a atacar os nossos sensíveis ouvidos com a “Pandemia” da Gripe das Aves (ou “das galinhas” como o Senhor Reitor fortemente recomenda que se diga), com a propagação desenfreada da SIDA, com os médicos e enfermeiros portugueses que não lavam as mãos. E voltam os blogs com as maliciosas e galináceas acusações de que um tal de “bombas” (provavelmente uma vítima da criatura) não lavará o traseiro.
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Muita letra, muita palavra mas … pouca substância. O fogo de artifício a disfarçar a realidade.
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Dizia um conhecido Engenheiro, e com muita razão, que “é só fazer as contas”. Pois façamo-las (utilizaremos – plural de modéstia - contas de organizações internacionais, embora reconheçamos que o Senhor Engenheiro, para o nível médio português, também faz as contas assim-assim).


Vejamos: na Europa, anualmente, suicidam-se cerca de 58.000 pessoas (dados OMS). Mais que o número de mortes provocadas por HIV ou acidentes de viação (dados OMS e UE). A nível mundial, estima-se que tal quantidade seja de 1 milhão de pessoas (Dados OMS).
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Com a “corriqueira” gripe (Influenza), morrem por ano entre 250.000 a 500.000 pessoas (estimativas OMS). Vítimas da gripe das Aves, morreram nos últimos doze meses 70 (por extenso: setenta) pessoas em todo o mundo (dados da OMS).
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Fiquemos por aqui (sobre os porcos dos médicos e enfermeiros portugueses e sobre as eventuais vítimas do traseiro do simpático estilhaço alegadamente mal cheiroso, não foi possível obter números das entidades oficiais em tempo útil).
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Os media, porém, o que transmitem ? Pandemia da Gripe das Aves, H5N1, HIV, “Acidente de viação mata quatro”, etc., etc., etc.
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Seria certamente engraçado saber que interesses estarão por trás desta agressiva curiosidade dos Media relativamente a alguns fenómenos, sendo certo que por cada 10 minutos de “Noticiário” se suicidam 19 pessoas, por cada 5 minutos de noticiário morrem de fome ou subnutrição 140 crianças, e por aí fora. Mas disto pouco ou nada se fala (embora haja uns programas geralmente pelas 3 da madrugada sobre estes assuntos “marginais” que, no fundo, são os que têm a ver com a "qualidade" de vida e que deveriam ser o instrumento de medida do sucesso ou insucesso das nossas sociedades).
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Quanto às verdadeiras “notícias”, as contas são mais difíceis de fazer: A cada 7500 minutos de “Noticiário” morre no mundo 1 (por extenso: um) humano com a famigerada “Pandemia da Gripe das Aves” (o malandro do Pato Si está aqui ao meu lado a dizer que são hipocondríacos que se deixam “sugestionar”). E nem vale a pena continuar a fazer comparações com outros “flagelos”, que todos eles são respeitáveis e merecedores de atenção, mas na sua justa medida.
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É que os “Abraços” não podem ser só para alguns.
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Podemos pois ficar sossegados: o Estado Português gastou riões (rios de milhões) de Euros em estudos, análises, comissões e compras de um tal de “Tamiflu” (o Pato Si, esta adorável mas perversa criaturinha, está aqui a dizer que o Tamiflu ou se toma no braço ou se toma nu).
Quanto à qualidade de vida ...
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Serena-te Povo, e abre os olhos.
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Dominus Ignoscerit VVVVVVV

terça-feira, maio 09, 2006

O PRESERVATIVO EXPLICADO AO PENUGENTO

Irmão Galináceo. Vem o presente a respeito da tua pergunta / observação sobre “e o preservativo ?”. Estive tentado a explicar a teoria toda, mas… tento adaptar o discurso aos ouvintes, pelo que aqui vai um resumo.
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Desde logo, há que situar a “questão”. A “questão” que frequentemente se coloca não é uma questão. Ninguém quer perguntar nada à Igreja Católica (IC daqui em diante, por facilidade), antes querem atirar farpas, criticar, fazer a IC tomar posições sobre coisas que lhe não dizem respeito. Mas até acredito, ó galináceo, que haja alguma bondade tipo Rousseau na tua pergunta, e se assim não fosse, nem perderia tempo com ela.
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Depois, há que classificar o objecto. O preservativo é uma bocado de borracha que se utiliza, e deixemo-nos de embustes, para “securizar” (o termo é abrasileiradomas adapta-se) situações de risco. Excepto para os fabricantes, o preservativo não nasceu como uma finalidade, mas como um meio (Não me refiro aos com sabores, aos “explosivos”, aos “excitantes”, aos retardantes, etc., etc, etc, que são gadgets no desenvolvimento de uma indústria. Esses são um fim, são destinados a, supostamente e depende do gosto de cada um, dar outra pimenta a uma relação). O preservativo, o natural, é pois um meio. Um meio para quê ? Um meio para se poder fazer o que se não deve.
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E o que é que se não deve ? O que é este “não dever” ? Este “não dever” é duas coisas: é a causa e é o sintoma.
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O “não dever” é a causa porque, em regra, não se deve optar comportamentos “desviantes” – e a IC tem o direito de considerar desviantes os comportamentos que são contrários às suas regras. É desviante para a IC a homossexualidade (já sei que vêm com o seminarista do seminário não sei quê e o padre X, mas o capelão da Casa Pia, que eu saiba, não está no processo); É desviante, para a Igreja, a manutenção de relações sexuais precoces (mas até para a Lei o é, e a Lei é republicana e laica). É desviante para a igreja a prática de relações extra-conjugais (mas também o é para os ateus, agnósticos e outros que não sabem o que são ou sobretudo nem sabem o que não são, dado que muito se mata por questões passionais e, que eu saiba, nas estatísticas não são os católicos os maiores “matadores”). É desviante para a Igreja a toxicodependência (mas também o é para o Estado laico e republicano e para a grande maioria dos médicos que se não “drunfam”, aliás a sociedade laica é mais severa ainda e veja-se os exemplos do álcool e do tabaco)…
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Do “não dever “ causa nasce o “não dever” efeito ou sintoma: doenças venéreas, a gravidez precoce ou indesejada, a destruição de famílias, a precarização dos laços interpessoais, o ciúme e a desconfiança, o medo e a depressão, etc., etc., etc…
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Só falta esclarecer o objectivo da campanha.
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Pretende-se que o preservativo seja o meio de securização do não dever. E nada mais, tudo o resto é conversa. A troco do combate à SIDA, pretende-se à viva força que a IC declare o preservativo como um instrumento de Deus ao serviço dos homens (mas quem deve estar ao serviço de quem, enfim, é outro tema). Como se o preservativo fosse impedir a propagação da SIDA ou de outras doenças. Se assim fosse, não seria por a IC declarar tal coisa que os números iriam diminuir.
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Ó estimado, embora repugnante, galináceo:
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A) mas algum casalinho de adolescentes que se sinta "irrestivelmente" atraído deixou de ter relações sexuais “porque a IC o proíbe”?
B) mas algum gay deixou de namorar outro “porque a IC o proíbe” ?
C) mas, nos casos de infidelidade conjugal, algum cônjuge deixou de ser infiel “porque a IC o proíbe” ?
D) olha, mudando de tema, mas algum árbitro deixou de favorecer o Benfica só “porque a IC prega a honestidade ?”
E) mas algum homicida deixou de matar “porque a IC o proíbe” ?
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Ó repugnante, embora estimado, galináceo:
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a) mas algum africano contraiu a SIDA “porque a IC condena (e já lá vamos) a utilização do preservativo ?”
b) algum chinês aprendeu latim “porque a IC o utiliza ?”
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Afinal, não estarão a dar-nos importância de mais, ó Irmão Galinha (cá estou eu armado em Franciscano) ?????
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Afinal, a IC, que não serve para ter uma simples referência na frustrada Constituição Europeia, dado que não tem importância para isso (apenas construiu todo o sistema de valores do mundo chamado ocidental, e os valores da Revolução Francesa mais não são que os da IC), tem que vir agora enfiar o preservativo ao mundo ?
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Mas a que propósito e com que vantagem ? Alguém acredita que isso vá salvar o mundo ?
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Fica mais um esclarecimento: A IC nunca excomungou ninguém por utilizar o preservativo. Aliás, a excomunhão não é a condenação ao Inferno, ao contrário do que os ignorantes possam pensar, mas reconheço não é o teu caso galináceo (na teoria da IC, só Deus no anunciado “Juízo Final”, que não se sabe quando estreia, é competente para o fazer). A IC condena – que é muito diferente - a utilização do preservativo e a sua apresentação como a solução dos problemas para o mundo. A Direcção Geral de Viação, que eu saiba, não aconselha a utilização de airbags para que os condutores possam circular em excesso de velocidade ou perigosamente; E, que eu saiba, a PSP não aconselha a população a andar armada para se proteger dos assaltantes. É uma questão de valores e princípios, tão só.
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A mim, ó estimado, parece-me que:
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1) Dá mais jeito ao mundo poder andar por aí um cônjuge extremoso a manter relações extra-conjugais sem o perigo de as mesmas serem detectadas ou de alguém vir a ter de pagar umas “pensões alimentares”.
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2) Parece-me que dá mais jeito a muita gente, mas que não é o teu caso, ter uma mulher e um ou dois filhitos (cujo pai se calhar não é ele) e poder fazer umas tainadas “arco-íris” às escondidas e sem riscos.
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3) Parece-me que dá mais jeito a uns jovenzitos enfiar um preservativo, manter relações sexuais quando e com quem lhes apetecer, estando ou não em período fértil, sem ter que pensar em consequências de saúde, até sem saber quem o outro é, e sobretudo que ninguém saiba, especialmente o “futuro” ou a “futura”, e fazer depois um casamento chique, ela de branco, ele de impecável, e com a família toda, e os amigos, e o Dr isto, e o Engº aquilo, todos embevecidos com os pombinhos que “nasceram um para o outro”.
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Mas tudo isto tem remédio, ó galinha. Olha: Solução para o Ponto 1 – A honestidade, assumam; Solução para o Ponto 2: A honestidade, assumam; Solução para o Ponto 3: A honestidade, assumam.
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E por aí fora, ó irmão penugento ...
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Conheço muita gente que teve esses problemas e resolveu-os. Aliás, do ponto de vista da gravidez ser ou não precoce, ser ou não indesejada, tudo se resolve com a disposição para amar uma criança. Não conheço nenhum "Avô" ou "Avó" nestas circunstâncias, estou a falar de pessoas decentes, claro, que não aceite e AME o neto assim nascido. Haverá excepções, mas não passam disso mesmo. De resto, também o argumento "económico" não pega. Os patinhos contam-me que 90% das pessoas que vivem nos bairros pelo Amial fora, cheios de carências económicas, são os maiores clientes de cafés e dos carrosseis da festa de Agosto que se realiza em Arca d'Água.
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O que sucede é que, e apesar de períodos e exemplos menos bons existentes em todas as organizações humanas, a IC tem uma doutrina milenar sobre a família e sobre a sexualidade que pode resumir-se facilmente: família como célula fundamental da sociedade; monogamia. São estes, e só estes, os dois pilares fundamentais da doutrina da sexualidade da Igreja. A IC não “mete a colher” na sexualidade do casal. PONTO, e isto é que é verdadeiro. A IC não tem doutrina sobre posições sexuais. A IC não estabelece numerus clausus para as intimidades conjugais. A IC não é como a querem pintar.
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Não se confunda esta posição da IC com a posição de alguns “beatos” ou “ratos de sacristia” que escrevem em jornalecos tipo “O Anjo da Guarda Em Palavras” ou o “Correio do Sagrado Coração de Jesus”, e que escrevem disparates como “que num casal só deveria haver relações sexuais para conceber filhos” (o que para os mais férteis daria direito a uma média de 10 / 12 ejaculações por vida para o homem, e eventualmente um orgasmo e meio para a mulher), ou que “a mulher é um ser repugnante que existe para desviar o homem da pureza” (embora algumas nos desviem da “sageza”). Isto é ridículo, e é escrito por católicos, mas são católicos mal formados, sem qualquer autoridade, e geralmente sedentos de mostrar ser o que nunca foram. Estas opiniões têm tanto valor como têm as de um adepto de um clube num blogue. Nenhum. Quando vejo uma dessas “Virgínias da Purificação” a escrever essas barbaridades confesso que me assalta a memória que a maioria dos os leitores do pasquim são os ex-amantes delas, mas enfim.
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E o preservativo, serve então para quê ? Eu não sei, ó galináceo, mas quem me pergunta não é com a SIDA que anda preocupado. Tão só isto. Parece simples de mais, não parece? Mas muitas coisas aparentemente complicadas são, afinal, simples, é assim a vida. Olha, parafraseando o poeta, como faz “o outro”, “não sei para onde vou, só sei que não é por aí”.
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A IC não tem que ser chamada para discutir o preservativo, muito menos quando a única posição que lhe é admitida é … recomendá-lo.
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Já agora, e a observação não é para ti, ó bicho encristado, o clero superior é ocupado, pelo que comentários do tipo “o abade de Lorpães tem 7 filhos” ou “o sacristão tem 3 amantes e gosta de ter meninos na Sacristia”, ou “os padres nos EUA são maricas” podem ser deixados, sei lá, por exemplo no “Língua Viperina”.
Post-it VVVVVV

sexta-feira, abril 21, 2006

Francisco Adam e o Pato Si

Caríssimos Irmãos adolescentes,
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Uma das funções do clero superior é a de informar os vossos ainda pouco estruturados espíritos sobre a nudez e a crueza da realidade. A pedido do Patinho Si, que está cansado dos imensos bombardeamentos de pão seco e duro por parte de bandos de pré-adolescentes descontentes de que tem sido alvo desde a publicação do post que ficou conhecido como “Chico Adams”, publico a presente carta.
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Acusam-no de ser insensível e brincar com coisas sérias. Perdoem-me caríssimos, mas creio que o Patinho Si, que realmente é um pouco azedo, desta feita está a ser injustamente acusado. Vejamos, então, os factos “à volta” do falecimento, em acidente rodoviário, do Francisco Adam. E reparai que não vou tratar-vos com paternalismos, vou ser directo. Caso não estejais preparados, desligai.
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Há que entender que o moço tinha uma vertente tridimensional: Era a personagem; era o “actor”; e era a pessoa.
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Deixem-se de falsos moralismos, ó adolescentes: Não é a morte da pessoa ou do actor que lamentais, mas a do “Dino”.
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Ignoraram tudo o resto. Ora reparai no que sucedeu no dia seguinte:



Faleceram na Bélgica 3 jovens portugueses, com idades entre os 19 e os 22 anos, num acidente de viação. Um com a idade d “Dino”, os outros dois mais jovens ainda. Algum de vós lamentou essas mortes ? Houve mensagens SMS para alguém a “solidarizar-se” com a família ? A dor foi a triplicar ? Não, pois não ?
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Porque não é a morte da pessoa ou do actor que lamentais, adolescentes, mas a do “Dino”.
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Como pessoa não o conhecíeis, apenas o que a máquina de propaganda da TV, e já lá vamos, vos fazia passar. Não vou agora estar a dizer mal do moço, mas nada sabeis ou sabíeis ou muito menos agora vireis a saber sobre como ele era como pessoa. Podia ser bom rapaz, ou não, como tantos outros que vão morrendo todos os dias por esse mundo.
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Como actor, não tinha carreira, era um quase estreante numa série sem qualquer dimensão ou ambição artística, apenas comercial. Não tinha currículo, não se destacou profissionalmente de ninguém, nunca foi apontado ou reconhecido pela crítica da especialidade. Nunca desempenhou papel que necessitasse de especiais conhecimentos técnicos ou artísticos …
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Como personagem (“Dino”) era uma imagem que se vos colava, pelos vistos com agrado, e era a sua única faceta por vós conhecida e vos era passada.
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Não é a morte da pessoa ou do actor que lamentais, adolescentes, mas a do “Dino”.
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Quanto à imprensa:
Quem é, desde o acidente, o Francisco Adams ? Cadáver, mas de quem ? Tranformou-se de imediato em objecto de exploração comercial intensiva, não como pessoa, não como actor mas como … personagem. Para um público - alvo: Vós.
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Não é a morte da pessoa ou do actor que eles, jornais, revistas e televisões, fingem que choram com edições especiais (estes não choram, como vós, valha-vos isso), mas sim a da personagem. Esta é que vende.
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De quem era o "velório" transmitido em directo pela TVI ?
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Nem dos 3 jovens de que falei, nem da pessoa nem do actor. Da personagem.
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Sobre quem eram as intermináveis notícias do Jornal da Noite da TVI ?
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Nem sobre os 3 jovens de que falei, nem sobre a pessoa nem sobre o actor. Sobre a personagem.
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De quem foi o funeral transmitido em directo pela TVI ?
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Nem dos 3 jovens de que falei, nem da pessoa nem do actor. Da personagem.
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A TVI transmitiu o funeral daqueles três jovens, entre os 19 e 22 anos, dois deles mais jovens do que o Dino ? Não. Porquê ? Porque não eram pessoas ? Porque não tinham passado ? Não. Porque não eram personagens, logo não vendem.
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Estais à espera agora que venham as televisões ou as revistas dizer-vos quem era a pessoa ou o homem ? Tirai daí a cabeça, jovens, apenas vos darão o que querem, e o que querem é … dar-vos a personagem e que a continueis a chorar.
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Para quê ?
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Money, Money, Money. E vós colaborais. Mas a culpa não é vossa. É dos vossos paizinhos e tiozinhos que, temendo desiludir-vos, temendo eles próprios deixar de ser aos vossos olhos umas personagens "fixes", adoptam uma postura covarde fingindo compreender-vos e não vos explicando isto. É mais cómodo passar por ser tolerante e compreensivo com uma ilusão do que desfazê-la. Eles nem sabiam – confesso que eu também não – quem era o Dino, quanto mais o Francisco !!!
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Então o Patinho Si não tem razão para se rir ? Também ele é uma personagem. Do animal ou do seu passado enquanto escritor nada conheceis nem há a conhecer. E se ele, como deseja o bombas, for atropelado ao pé de Arca d’Água ? Chorais ? Fazeis uma festa ?
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Levantai a cabeça, ó adolescentes. Não Aconteceu nada.
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Per Dominus post-it UUU